No Museu Paranaense, a mostra fotográfica “Aproximações – ucranianos e poloneses nas fronteiras agrícolas do Paraná”, de João Urban. A exposição reúne imagens feitas pelo fotógrafo dos descendentes de imigrantes poloneses no Paraná – em Cruz Machado, Araucária (Colônia Tomás Coelho) e São José dos Pinhais (Colônia Murici) – e dos descendentes de imigrantes ucranianos nas cidades de Irati, Mallet, Prudentópolis, Antônio Olinto e seus arredores entre 1979 e 2016.
A exposição é uma homenagem do fotógrafo às suas raízes. Descendente
de poloneses nascido em Curitiba (1943), Urban passou a infância e
juventude no “Campo da Galícia”, atual bairro Mercês, quase região
central da capital paranaense. O nome fazia referência à Galícia
Oriental, importante região sob domínio do Império Austro-Húngaro, de
onde vieram muitos imigrantes poloneses e ucranianos.
No bairro da infância do fotógrafo, conviviam ainda imigrantes
japoneses, chineses, russos e sírios. “Essa convivência diluía o ódio
dos mais velhos que traziam em seus corações o estigma das guerras”,
relembra Urban, que descobriu recentemente em sua genealogia, por meio
de pesquisa feita pelo irmão Antonio Urban, que a avó paterna é
descendente de um casamento entre um ucraniano e uma polonesa. A mostra
faz um paralelo entre as sociedades dos descendentes de imigrantes
poloneses e ucranianos no Brasil, apresentando semelhanças e
características que as unem culturalmente.
Para o diplomata Marek Makowski, cônsul-geral da Polônia em Curitiba de 2012 a 2018, o trabalho de Urban tem um importante valor sociológico e etnográfico. “A exposição tem um enorme valor etnográfico, histórico e sentimental e, apesar de mostrar uma realidade que não se encaixa nos padrões contemporâneos de bem-estar, vem carregada de fortes e positivas emoções: expõe as famílias polonesas e ucranianas tão parecidas em sua vida cotidiana, os sorrisos das crianças, os rostos dos adultos marcados pelo difícil trabalho na agricultura, as casas e igrejas decoradas no mesmo estilo artesanal, coloridas e belas, as ferramentas, o trabalho, os costumes, os valores, a perseverança. Tudo singelo, familiar e acolhedor, natural e simpático e aquela sensação de saudade de que tudo isso está se perdendo na presente modernidade.”
Em 2019, João Urban completa 60 anos de fotografia. Iniciou seu trabalho profissional na década de 1960, dividindo sua atuação entre a fotografia publicitária e a fotografia documental de caráter autoral, centrada nas atividades agrícolas do Paraná. Urban já realizou inúmeras exposições, tendo sido um dos primeiros fotógrafos contemporâneos brasileiros a obter reconhecimento no exterior.
