Poesia que se preza,
não frequenta
solenidades oficiais
e pessoas gradas.
Poesia verdadeira
não vai à missa,
não ouve sermões
e não se presta
às homenagens
protocolares.
A depender do humor
prefere insultar
oficiais de Justiça,
fiscais do governo,
o próprio governo,
e não teme a polícia.
Sabe ser doce
ao falar de amor
e chorar o desamor.
É fera inconformada,
irónica, amável,
paciente, impiedosa.
A poesia gosta mesmo
de caminhar livre
sem peias, sem freios,
onde a vida reclama
a sua inspiração.